21 maio 2010

Uma lacuna para o desenvolvimento

O desenvolvimento cultural de nosso país gerado por todo o movimento em torno da sistematização, regulamentação, publicação, difusão, incentivo e legalização de nossas ações, através da participação ativa da sociedade civil na construção de políticas públicas nos últimos 10 anos, chega num momento de colheita e aprimoramento.

A cada ano o processo claro de democratização das fontes de financiamento, tem atingido uma camada cada vez mais extensa nas diversas subcategorias e subáreas das ações culturais espalhadas pelo Brasil.

Sem negar todas as melhorias que os processos de democratização do financiamento à cultura, destaco aqui que a formatação da arte em projetos direcionados pode diminuir a capacidade de autenticidade. Por exemplo, existe uma tendência a pensar arte a partir do edital e não do processo criativo em si. Passei então a me questionar, buscando adequar o desenvolvimento técnico e executivo com o desenvolvimento criativo de minhas ações.

Partindo desse princípio amplio meus estudos no desenvolvimento econômico e criativo atual e me situo como parte da chamada nova “sociedade do conhecimento” (ver: Manifesto do Novo Clube de Paris no Google). Gerar conhecimento, ações transformadoras, se conectar com uma rede de inovação mundial tem se tornado uma prática cada vez mais natural, mais pra uns e menos pra outros, mas com uma tendência avassaladora de contaminar todas as organizações sociais em cada vez menos tempo.

Agora como medir em cifras um capital intelectual e intangível? É aí que voltamos às políticas públicas, surge aqui a necessidade de criação de uma nova perspectiva de patrocínio, valorizando diretamente a construção da sociedade do conhecimento, respeitando a abrangência de um produtor de conteúdo e estimulando a liberdade de focos criativos livres que farão parte das raízes das gerações artísticas futuras.
Os meios de financiamento desenvolvidos por todo o movimento citado no início desse texto não contemplam essa nova perspectiva, são legítimos, devem ser aprimorados cada vez mais, mas não relacionam diretamente com o desenvolvimento dos produtores de conhecimento, a partir do principio que são normativos e formatados.

Nosso novo desafio passa a ser a criação de acesso ao financiamento público e privado, para o desenvolvimento de ações culturais produzidas com excelência e autenticidade, que possuem como resultante um considerável capital intelectual e intangível, ações que produzem e distribuem conhecimento, ações artísticas e pedagógicas. Garantindo a liberdade como princípio fundamental para existência da arte e sua função.

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