05 outubro 2011

Já passou

Estou precisando de tempo pra encontrar meu tempo, perdido por aí.
A lógica passa longe do tempo e o tempo chega perto da paz.
Ou seja, todo o tempo do mundo em frações de segundo.
Que a eternidade engula o tempo que vivo e faça dele mil pedaços de tempo pra se viver.
A minha vida vai ficando mais livre e feliz quando essas partículas de tempo se espalham pelo espaço formando projeções de sonhos a-temporais.
E de tempos em tempos, quando rolar um ventaval, que transforme o meu tempo, perdido por aí, no Amor, sem pressa de começar e sem hora pra acabar.
Que o tempo seja preciso, para tudo o que eu preciso, e que seja tão magestoso que eu nem me  lembre mais.
Quero seguir meu tempo pela linha dos sentidos, sentimentos e intuições.
Quanto ao resto do tempo que me cabe, passo na conta do relógio, porque ele sabe o quanto vale o quanto pesa.
E como tempo é dinheiro, aos mais atarefados como eu, Só seremos ricos quando tivermos todo o tempo do mundo para realizar tudo aquilo que o tempo não paga.
E como toda relação, minha viagem no tempo se mostra encantada, heis que o relógio fica com ciúmes, bate na minha porta e avisa que estou atrasada.
Porque afinal, a Vida é curta e o Universo genial!!
E se alguém encontrar meu tempo, perdido por aí avisa ele que já passou.

24 agosto 2010

Provocação para Transformação

“ Vida.... Asas de Querubim, na careta do Palhaço alegria não tem fim”
“E se o Palhaço morreu!! O sonho dele é meu!!”


Ao som de estrofes como essas que seguia a multidão de aprendizes junto ao carro de bombeiros que levava o corpo de Mestre Zezito, envolto na bandeira do Brasil. Emocionados ecoavam pela longa fileira de carros, pedestres, pernas de pau, monociclos e ônibus com estudantes das escolas por onde o Mestre passou, a expectativa de uma continuidade daquele sonho.
Neste mesmo período se discutia nos Fóruns representativos da cidade a necessidade de um Encontro, uma Mostra, ou qualquer forma de organização dos fazeres e saberes em torno do circo produzido no DF e Entorno.
Ali, a multidão se reduzia a apenas alguns gatos pingados interessados na provocação para transformação.
Brasília estava pulverizada, sendo vítima da sua própria imaturidade. Em terra onde o velho tem no máximo 50 anos, se encontra um movimento vivo, jovem, passível de crescimento em larga escala e em curto espaço de tempo. Seguíamos confusos, porém empoderados, lapidando as relações e buscando caminhos possíveis para evolução do mercado de circo dessa região.
O encontro era necessário. Mas como encontrar? Para quê? Com quem? Por quê?
Foi aí, que o Fórum de Circo do DF e Entorno, a Cooperativa Brasiliense de Teatro e o extinto Movimento Rua do Circo se uniram. Imbuídos dos conhecimentos vivenciados no Circo Boneco e Riso, com nosso querido Mestre Zezito, transgrediram o movimento da época, naturalmente individualista na Capital.
Tomaram então, a iniciativa de lançar a I Mostra Zezito de Circo, espaço para troca, intercâmbio, apresentação e reconhecimento do “Circo Candango”.
Com uma verba risível, uma equipe excêntrica e pontos de vista bem distintos se tornam possível a existência de movimentos como esse, única e exclusivamente pela disposição e generosidade em alterar o DNA produtivo circense da cidade.
Foi ali na lona do Movimento Rua do Circo, montada no Clube da Imprensa, com a estrutura de produção da Cooperativa e força de trabalho de voluntários do Fórum que nasceu uma nova forma de relacionamento, de aprendizagem, de troca e de formação.
Mestre Zezito entra na História como o maior provocador na formação de valores artísticos, humanos e sociais, impregnando toda uma geração que, aos trancos e barrancos, se colocaram frente a frente e proporcionaram momentos de alegria, arte e amor.
Já era de se esperar que a repercussão do evento ultrapassasse as expectativas e trouxesse uma multidão de artistas e admiradores para a Mostra.
E como o enorme sucesso conquistado já no seu primeiro ano de vida, torço para que a Mostra Zezito de Circo vença um grande desafio:
Como tomar proporções glamorosas com patrocínios e logomarcas que envolvem ações políticas, de visibilidade e manutenção de ego de seus produtores da vez, sem perder a essência propulsora de seu nascimento. A necessidade de valorização, respeito, maturação e legitimidade de um movimento coletivo, formado por indivíduos autônomos e independentes entre si.
Acredito ser esse um desafio não restrito somente a essa mostra, mas sim a todos os movimentos que partem da arte como princípio, da multiplicação como meio e da eternidade como fim. Se é que esse fim é possível...
Vida longa a nova Vida!!!
Joana Henning
Membro Criadora da Mostra
Brasília, 20 de agosto de 2010.

02 junho 2010

Identidade do Circo Candango


É no mínimo curioso escrever sobre Brasília justo no momento em que me vejo de partida, ou de renovação, num ciclo que Brasília jamais deixará de ocupar seu espaço, prefiro enxergar assim. Comprometo-me a escrever a respeito do circo candango sempre que estiver respirando o ar puro dessa cidade.


Venho de uma família diversa, numa cidade diversa, de culturas, comportamentos, histórias e povos, uma “mistureba” geral, pra mim essa é a marca desse lugar, esse é o princípio da minha formação.

Ao mesmo passo que poderia realizar os trabalhos da escola na Biblioteca da Câmara Federal e enxergar a História do Brasil nas páginas da coleção completa do Pasquim, transitando com toda intimidade pelos corredores do congresso e dos ministérios e entendendo seus mecanismos, pude também explorar as longas coxias do Teatro Nacional, com seus camarins e porões, numa aventura infantil, sem reparar se o show estava acontecendo no palco ou não, os bastidores do teatro era o nosso espetáculo à parte. (Ter um pai com forte atuação política ambiental no setor público e ao mesmo tempo percussionista, da geração do Concerto Cabeças, Liga Tripa, Paralamas e Legião, proporcionou isso, mas isso não é um mérito só meu não, é muito comum por aqui essa realidade.)

Cidade da contradição, na terra, sua organização, seus setores, no céu, seu mar, sua liberdade, sua amplidão. Espaço para o desenvolvimento burocrático e criativo não falta, desde que você entenda os limites do patrimônio público e tire bom proveito deles.

Quem nasce em Brasília, cresce com Brasília, somos eternos candangos, porque além de concreto, hoje construímos uma História. Cada agente dessa cidade tem o seu papel fundamental, seja de repressão, seja de transgressão, e assim se forma o conjunto operacional da capital. Restrinjo essa introdução à sensação de ser brasiliense, porque se eu for aprofundar as questões históricas e políticas, poderia estender laudas e laudas sem necessariamente entrar no circo em questão.

Não posso falar do desenvolvimento cultural de Brasília sem falar de política (são poucas as questões tratadas em Brasília que não comunicam com a política). Ao longo da minha atuação política (não exerço nenhuma atividade no poder público, mas nascer em Brasília e se incomodar com o próprio desenvolvimento profissional, provocaram naturalmente a minha atuação política) percebi a cultura brasiliense como um setor abandonado desde a sua formação.

Pude confirmar essa minha observação, lembrando das reclamações do meu avô sobre a sua gestão militar dentro da Fundação Cultural, em fatos como: a construção do Teatro Nacional (única obra aprovada não concluída para a inauguração); a falta de profissionais na Fundação Cultural (sua equipe nunca foi nomeada oficialmente, a Fundação foi vítima por anos de funcionários indicados ou “deixados por lá”); a instituição do Ministério da Cultura (só em 1985 se constituiu a primeira Secretaria de Cultura da Presidência da República, que pouco depois foi transformada em Ministério); a falta de legislação para a cultura no governo do Distrito Federal (em 2008 foi instituída a primeira Frente específica de Discussão da cultura dentro da Câmara Legislativa); sem contar com a construção do Museu da República e da Biblioteca Nacional (obras aprovadas somente em 2005).

Enfim acredito que os dados acima já podem situar os leitores do caos em que sempre se instalou os subsídios públicos da cultura dessa cidade.

Apesar dessa realidade, crescemos enquanto setor na proporção da atividade operária da Capital (costumo dizer que a produção cultural de Brasília, comunica fielmente com o lema de JK, “50 anos em cinco”). Brasília fomenta cultura, desde as serenatas circenses apresentadas no Teatro Nacional, dividindo espaço com ratos e corujas desafinadas, até o desenvolvimento de mais de noventa grupos de circo e cultura popular espalhados pelos gramados e espaços culturais da cidade.

O terreno legal do nosso desenvolvimento gerou muita luta política, ressentimentos e frustrações, mas o terreno “proibido” amplia a capacidade de criação do nosso potencial artístico e oferece um campo de força e resistência, lançando a cultura do Distrito Federal. E é nessa lacuna que iniciamos nossa atuação.

O circo é estrutura sem lei, ou autônoma no seu funcionamento, onde os princípios de partida para o empreendimento profissional agregam valores familiares, sociais e humanos, sobrevivendo e se transformando até hoje de acordo com o simples retorno do público.

A legislação ainda não é capaz de compreender os moldes de gestão do circo, moldes diversos e flexíveis. (Em uma das plenárias sobre a Lei do Circo, me marcou o comentário que dizia mais ou menos assim: - Uma casa que se permite ser comparada a um teatro na arte de interpretar ou de mentir muito bem, e que não se permite ser comparada a um circo, julgando essa arte como atividade de arruaça e a figura do palhaço como expositor do caos humano, considerando isso corrosivo ao desenvolvimento da sociedade, não pode legislar sobre o Circo Brasileiro).

Pude em Brasília, crescer em meio a ações intrépidas “de tirar o chapéu” como o Gran Circo Lar (foi um espaço destinado ao lazer e execução de eventos culturais para a população da cidade de Brasília. Sua localização era do lado sul da Esplanada dos Ministérios. A estrutura do circo era bem diferente de um circo convencional. O Gran Circo Lar fora construído em alvenaria, com seu picadeiro todo em concreto. Por fora, o circo tinha suas paredes decoradas com os azulejos de Athos Bulcão e era coberto por uma enorme lona tradicional, foi berço dos projetos de circo social da cidade), o Esquadrão da Vida (Fundado em 1976, por Ary Para Raios, poetizando a rebeldia em estado bruto, a ironia sem máscara, o escárnio puro em protesto contra um filhote da ditadura, o Esquadrão da Morte, apesar da sua polêmica atuação, colocava a cidade para acordar de manhã cedo e seguir em cortejo pelas superquadras residenciais, era incrível!), o Mestre Zezito (Mestre da palhaçaria do DF, disseminador do brincar popular brasileiro em todas as suas vertentes).

Mestre Zezito era um modelo ideal de ação comunitária, onde o foco fundamental estava do desenvolvimento social a partir da convivência e do fazer artístico. “Pra aprender essa arte menina, você tem que acordar cedo, se deslocar até aqui, fazer a feira, o almoço, entreter a criançada,, construir brinquedos com a comunidade, preparar o lanche, tirar uma soneca, dedicar 30 minutos de leitura coletiva das esquetes tradicionais e ensaiar no picadeiro da noite do circo montado no quintal” e assim  nasceu a palhaça Minhoca.

Como pra mim, essas três referências foram o berço do circo candango, em paralelo obviamente às grandes lonas dos circos tradicionais que por aqui passavam meses e até anos, montando suas praças na vastidão de povoados encontrados no DF, com todas as suas regiões administrativas e entorno (isso pra mim foi uma riqueza imensurável, pude aprender tanto a estrutura de funcionamento de um circo, quanto às técnicas, as histórias, os tipos de gente, a humanidade. Foi por essa convivência que me arvorei mais a frente a comprar uma lona de circo junto com meu grupo, mas essa é outra história).

Enquanto eu ainda era uma criança em contato com tudo isso, já despontavam grupos como o Circo Teatro Udi Grudi, o Celeiro das Antas, o Hierofante, gerando a minha geração, de Artetude, Movimento Rua do Circo, Instrumento de Ver, CETAC, Engenho Arte Circense, Circo Rebote, enfim, muitos grupos que se montara e desmontaram, casaram, separaram e deixaram crias, não posso citar todos por obviamente deixar muitos passarem batidos.

Pude firmar e confirmar a força do fomento das artes circenses do DF, tanto no ponto das riquezas das diferenças, quanto no potencial criativo, após nove anos de atuação circense na cidade, cinco anos de presidência do Fórum de Circo e idealização junto ao coletivo da Mostra Zezito de Circo, consegui num exercício de distanciamento do olhar, enxergar claramente essa história e o quanto é rica na contribuição da minha formação enquanto artista, palhaça, produtora e candanga.

 Brasília cativa e espalha muita arte pelo mundo. E eu, me espalharei um pouco mais por outros territórios, levando sempre essa versatilidade brasiliense e voltando sempre que precisar do aconchego da terrinha, aliás, a ponte aérea pra Capital está super acessível.

 Adeus Brasília, vou morrer de saudade!!!

Brasília, 03 de novembro de 2009.

21 maio 2010

Reflexões de um Suspiro



Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra e nasceu a vida.
Como começar pelo começo, se as coisas acontecem antes de acontecer?
Pensar é um ato, sentir um fato, as duas coisas juntas sou eu aqui falando o que estou falando.
A dor de dentes que perpassa essa vida deu uma fisgada funda em boca nossa. Então eu canto alto e agudo uma melodia sincopada e estridente. Essa é minha dor, se carrego o mundo há falta de felicidade.
Felicidade? Nunca vi palavra mais doida. Inventada pelos brasileiros que andam por aí aos montes.
Será que inicio pelo fim? O que justificaria o começo... Como a morte quer dizer sobre a vida??
Quem vive sabe, mesmo sem saber que sabe. Assim é, os senhores sabem mais do que imaginam e ficam aí se fazendo de sonsos...
 Quando eu rezava, só conseguia um oco de alma – esse oco simbolizava tudo o que eu jamais poderia ter. Mais do que isso... Nada. Se bem que o vazio tem o valor e a semelhança do pleno.
Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é não pedir, mas sim, somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim, é a resposta ao meu ser, ao meu mistério.
Quero afiançar que a vida não se conhece, senão através de ir vivendo.
Se eu tivesse a tolice de perguntar quem sou eu, antes de ser, cairia estatelada no chão.
É que quem sou eu provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Se não se sabe quem se é, é porque ainda não se é, e não se satisfará.
Pergunto-me se deveria caminhar a frente do tempo e esboçar logo um final. Mas como saberei onde tudo isso terminará se não me deixar viver.
Entendo que devo caminhar passo a passo de acordo com o prazo determinado pelo tempo – Até bicho lida com o tempo – Isso vira a minha mais primeira condição. A de caminhar paulatinamente, mesmo diante da impaciência da vida.
Cada dia é um dia roubado da morte.
Eu não sou intelectual, o que digo, digo pelo coração – De-core.
Jamais se esquece da pessoa com quem já dormiu. Esse momento fica tatuado em marca de fogo na carne viva, deve ser por isso que quando percebemos o estigma, fugimos com horror.
Vivemos exclusivamente no presente, pois sempre e eternamente será o dia de hoje. E o dia de amanhã, é o hoje de hoje. Assim, a eternidade passa a ser o estado das coisas nesse momento.
Abandonar sentimentos antigos já confortáveis me exige extrema coragem.
Aceito minha liberdade sem pensar na existência como insanidade. Apesar de parecer, existir não é tão lógico assim.
Nem sempre preciso acreditar em algo ou alguma coisa, basta acreditar. Isso me aproxima do estado de graça.
E quem sou eu para culpar? O pior é que preciso perdoar. E é necessário chegar há tal nada, que mesmo que se ame ou não, deve-se perdoar o criminoso que vos mata. Pois sou eu quem o crio, sou eu que me afeiçôo por ele, logo sou eu quem deve amá-lo e perdoá-lo. Só não posso esquecer-me de sempre me perguntar se devo mesmo amar aquele que me trucida, e quem de vós me trucida. Se a vida, mais forte do que eu,  responde que quer por que quer vingança, que devo lutar mesmo que me afogue e assim morra depois. Ganho o direito de trucidar para assim apagar esse quem da minha história.
Se assim é, que assim seja.
Pois há momentos que a pessoa tá precisando de uma pequena mortezinha, sem nem ao menos saber.
Posso substituir o ato da morte por um beijo, não um beijo na parede áspera, mas um beijo boca a boca com a agonia e o prazer que é a morte.
Quero morrer várias vezes, só pra experimentar o ato da ressurreição.
Mas que não se lamentem os mortos, eles sabem o que fazem, tive há pouco no mundo dos mortos, e depois do terror negro, ressurgi em perdão.
Sou inocente! Não me consumam! Não sou vendável! Ai de mim, toda a perdição e toda a glória, é por culpa de meus atos.
Agora quero lavar as mãos e os pés, e depois vou untá-los em óleos santos de tanto perfume. E encontrei a felicidade.
A morte é um encontro consigo mesmo, ridículo e hilário, por isso pleno.
Sou enfim livre, livre de mim e de nós.
E nem me assusto porque morrer é um instante passa logo.
Viver é um luxo!!
Pronto... Passou.
Trechos de Clarice Linspector – A hora da estrela – adaptados por Joana Henning.

Uma lacuna para o desenvolvimento

O desenvolvimento cultural de nosso país gerado por todo o movimento em torno da sistematização, regulamentação, publicação, difusão, incentivo e legalização de nossas ações, através da participação ativa da sociedade civil na construção de políticas públicas nos últimos 10 anos, chega num momento de colheita e aprimoramento.

A cada ano o processo claro de democratização das fontes de financiamento, tem atingido uma camada cada vez mais extensa nas diversas subcategorias e subáreas das ações culturais espalhadas pelo Brasil.

Sem negar todas as melhorias que os processos de democratização do financiamento à cultura, destaco aqui que a formatação da arte em projetos direcionados pode diminuir a capacidade de autenticidade. Por exemplo, existe uma tendência a pensar arte a partir do edital e não do processo criativo em si. Passei então a me questionar, buscando adequar o desenvolvimento técnico e executivo com o desenvolvimento criativo de minhas ações.

Partindo desse princípio amplio meus estudos no desenvolvimento econômico e criativo atual e me situo como parte da chamada nova “sociedade do conhecimento” (ver: Manifesto do Novo Clube de Paris no Google). Gerar conhecimento, ações transformadoras, se conectar com uma rede de inovação mundial tem se tornado uma prática cada vez mais natural, mais pra uns e menos pra outros, mas com uma tendência avassaladora de contaminar todas as organizações sociais em cada vez menos tempo.

Agora como medir em cifras um capital intelectual e intangível? É aí que voltamos às políticas públicas, surge aqui a necessidade de criação de uma nova perspectiva de patrocínio, valorizando diretamente a construção da sociedade do conhecimento, respeitando a abrangência de um produtor de conteúdo e estimulando a liberdade de focos criativos livres que farão parte das raízes das gerações artísticas futuras.
Os meios de financiamento desenvolvidos por todo o movimento citado no início desse texto não contemplam essa nova perspectiva, são legítimos, devem ser aprimorados cada vez mais, mas não relacionam diretamente com o desenvolvimento dos produtores de conhecimento, a partir do principio que são normativos e formatados.

Nosso novo desafio passa a ser a criação de acesso ao financiamento público e privado, para o desenvolvimento de ações culturais produzidas com excelência e autenticidade, que possuem como resultante um considerável capital intelectual e intangível, ações que produzem e distribuem conhecimento, ações artísticas e pedagógicas. Garantindo a liberdade como princípio fundamental para existência da arte e sua função.